Semana de 07 a 13 de março 2022
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Na semana passada, mostramos nesta coluna
os resultados da economia em 2021. Apesar do crescimento de 4,5% do PIB não há
muito o que comemorar. Em relação a 2019 o crescimento foi de 0,5%, ou seja, em
dois anos crescemos 0,5%. As perspectivas para 2022 já eram más e a guerra
Rússia-Ucrânia piorou muito o cenário
As nossas previsões, feitas em análise anterior,
confirmam-se a cada dia. A União Europeia, obediente aos comandos dos EUA,
reagiu unida juntamente com a OTAN. Os russos perderam a batalha diplomática.
Ninguém discute os antecedentes do conflito, as provocações da OTAN com sua
expansão para o oriente e o papel grotesco do comediante promovido a presidente
da Ucrânia, a serviço dos americanos. Se dependesse dele, a OTAN deveria ocupar
o país e enfrentar o inimigo mesmo com armas atômicas. Que venha o apocalipse
agora! Ninguém se preocupa em buscar uma saída para terminar o conflito, mas em
derrotar os russos, o que não parece muito viável. Durante a semana assisti
várias conferências de professores e especialistas americanos que apontam o seu
próprio país como o grande culpado pela deflagração do conflito. Era uma guerra
anunciada. Perdida a batalha diplomática a grande mídia encarrega-se do resto.
O bandido agressor está identificado, é o mau da fita deve ser apedrejado e
exterminado. Enquanto isto não ocorre, quem paga o preço é uma parte do povo
ucraniano
Curiosa guerra esta. As notícias falam na
contratação de mercenários, na criação de batalhões fascistas internacionais (o
batalhão Azov, por exemplo), ou seja, internacionaliza-se a guerra. Ao mesmo
tempo o governo ucraniano impede a saída dos homens entre 18 e 60 anos para
obrigá-los a lutar. Enquanto os ucranianos são empurrados para a morte o
presidente se exibe em discursos patrióticos para os parlamentares do mundo
ocidental que, do conforto de suas poltronas e dentro de seus ternos bem talhados,
o aplaudem de pé estimulando-o a prosseguir na sua ação criminosa. Não se vê
nenhuma proposta que aponte uma saída honrosa e viável para o fim do conflito.
A única esperança concentra-se nas reuniões de negociação entre os dois
contendores.
O resto do mundo contempla a
irresponsabilidade da OTAN, dos EUA e da Rússia enquanto sofre as consequências
das sanções econômicas impostas ilegalmente aos russos e a todos pois são
unilaterais e não foram discutidas nem aprovadas nas Nações Unidas.
As consequências para a economia mundial são mais que previsíveis. A Rússia é um dos maiores fornecedores de petróleo e de gás do mundo além de trigo e outras commodities agrícolas e minerais. Não é por outra razão que se observa a elevação dos preços destes produtos no mercado mundial. A Rússia também foi banida do sistema financeiro juntamente com os bancos russos. Foram excluídos do sistema SWIFT de compensação restando-lhe trabalhar dentro do sistema por ela criado o SPFS e do sistema chinês CBIBPS. Com isto terá grandes dificuldades de fazer compensações financeiras e dispor de suas reservas internacionais. Por este lado o comércio internacional também será prejudicado. O FMI já alertou para o impacto severo sobre a economia mundial. Os EUA ampliam sua ação pressionando as empresas privadas a suspenderem seus negócios com a Rússia. 200 empresas já se retiraram do país e arcarão com seus prejuízos. Algumas empresas americanas serão prejudicadas, mas o maior sacrifício será pedido as empresas da União Europeia que serão as maiores perdedoras. O curioso, e complicador da análise, é que esta guerra é uma guerra intercapitalista. Diferentemente da segunda guerra mundial, que foi entre dois sistemas opostos, esta é uma guerra entre países capitalistas rivais. Há fatores envolvidos que exigem reflexões mais profundas. Com exceção dos fabricantes de armas todos os demais ramos já estão tendo prejuízos. No caso do Brasil o caos já está sendo instalado. O BC não sabe o que fazer para conter a inflação a não ser elevar ainda mais os juros, o que deve ter feito nesta quarta-feira. A crise expande-se e as previsões para o crescimento do PIB estão sendo rebaixadas e para a inflação, elevadas. Os preços dos combustíveis explodem e tudo está ocorrendo em ano de eleição, quando a aprovação do presidente vai ladeira abaixo. Difíceis tempos para o Bozo.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram
os pesquisadores: Guilherme de Paula, Mariana Tavares, Roberto Lucas e Alan
Henriques Gomes.
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