Semana 04 a 10 de março
de 2024
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Alerta! Atenção, povo brasileiro! A
Petrobrás desvalorizou-se em R$ 55 bilhões! Atenção! O prejuízo acaba de
aumentar em meio bilhão! (segundo a Globo). Houve uma queda de 33,8% nos
lucros. Corram todos. Vendam suas ações! Pânico nas bolsas. O “mercado” está em
polvorosa.
Mas, por que todo o berreiro? Que fatos
provocaram tanto pânico?
Esta semana foram divulgados alguns dados
sobre os lucros da Petrobrás. A empresa teve um lucro de R$ 124,6 bilhões. Não
foi prejuízo, foi lucro. Viva! Resolveram distribuir dividendos aos acionistas.
Tudo normal. Foram distribuídos R$14,2 bilhões de dividendos ordinários.
Durante todo o ano de 2023 a empresa distribuiu R$72,4 bilhões aos acionistas.
Ótimo! Este é o segundo maior lucro da história da empresa, é o terceiro maior
lucro de todas as empresas de capital aberto do Brasil e o terceiro maior lucro
entre todas as petroleiras do mundo. Isto ninguém diz.
Apurados os resultados, o Conselho de
Administração decidiu distribuir os dividendos ordinários, mas não os
dividendos extraordinários. Estes foram reservados para novos investimentos e
aumento das reservas, o que é absolutamente normal. Aí começou o berreiro.
Convém lembrar que a Petrobrás é uma Sociedade Anônima de Capital Aberto e,
como tal, é dirigida por órgãos constituídos pelos acionistas, segundo o número
de ações. Deste modo, em uma sociedade deste tipo, os acionistas que possuem a
maioria das ações comandam a sociedade. Na Petrobrás, o governo possui 50,26%
das ações ordinárias. O segundo grupo de acionistas são os estrangeiros com
14,02% e o terceiro são os institucionais com 3,46%. Assim, o governo tem o
controle absoluto da Petrobrás e por isto deve indicar os membros dos órgãos
dirigentes. É claro que as decisões do Conselho de Administração, como em
qualquer S.A., seguem as determinações dos acionistas majoritários. Não é
nenhuma surpresa nem absurdo que o governo, que tem a maioria das ações, influencie
as decisões da empresa, como qualquer capitalista faria, em qualquer lugar do
mundo. Por que o berreiro então?
Outro aspecto do problema: o valor de
mercado caiu. A empresa perdeu R$55 bilhões. Que horror! Quantos petroleiros
perdeu? Quantos poços de petróleo foram tomados? Quantos oleodutos, refinarias,
veículos, plataformas foram perdidos?
Nenhum.
Tudo continua como antes. O tal valor de
mercado é um número. Como as ações da empresa são negociadas nas bolsas de
valores e como nestas bolsas os preços variam segundo os humores do “mercado”,
ou seja, são os especuladores que determinam as variações da oferta e procura,
são os proprietários destas ações que perdem ou ganham. A empresa em nada é
afetada. Continua como está com o seu patrimônio e instalações intactos. Os
especuladores e jogadores das bolsas é que perderam ou ganharam. Eis o
problema. Os comentários na mídia obedecem aos interesses dos especuladores e
não das empresas e muito menos aos interesses do povo e da nação. No caso
atual, há a intenção de atacar o governo Lula pensando que podem fazer com ele
o que fizeram com a Dilma. A conspiração para dar um golpe não terminou. Para
nossa felicidade, não conseguiram pelo modo tradicional, pois desta vez os
militares criaram um pouco de juízo (com uma ajudinha dos americanos, claro),
apesar da fúria de alguns generais novos e velhos. Mas não desistiram.
Continuarão por outros meios, via congresso, via judicial, via desgaste do
governo se não conseguir apresentar resultados etc. Vão quebrar a cara. Em
relação à Petrobrás, nada de pânico. Dentro de mais algum tempo, os
especuladores voltarão a comprar e as ações voltarão a subir de preço e, tão
milagrosamente quanto perdeu o valor, a Petrobrás voltará a ganhar.
Há outro assunto que gostaria ainda de abordar nesta Análise: a fuga dos capitais estrangeiros, em pânico, com o comunismo do governo Lula. Lamentamos dar informações contrárias. A semana foi rica em notícias.
Um cortejo de montadoras desfilou no
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio para falar com o ministro
Alckmin. Todos estão apressados em fazer grandes investimentos no Brasil.
Estiveram em entendimentos a BYD, a Toyota, a GWM, a Stellantis (que reúne a
Volks, a GM e a Fiat), a Renault, a Mercedes, a Nissan. Somadas, as intenções
de investimento atingem o total de R$87,8 bilhões, sendo que R$67,2 bilhões
teriam início nos próximos 3 meses.
Se os planos forem concretizados teremos,
nos próximos tempos, um grande crescimento do PIB, do emprego, da massa
salarial e, consequentemente, da demanda. E o Brasil voltará ao seleto time dos
maiores produtores de veículos do mundo.
Que se cuidem as carpideiras do caos. Os golpistas precisam agir rápido.
[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do
Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira;
nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
Colaboraram os pesquisadores: Paola Arruda, Dulce Emile, Brenda Tiburtino,
Maria Vitória Freitas, Lara Souza e Maria Fernanda Vieira.
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