Semana de 29 de abril a
05 de maio de 2024
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Continuamos sofrendo o impacto do desastre
climático ocorrido no Rio Grande do Sul. Parece que será a maior tragédia
ocorrida no país nos últimos tempos. E a destruição continua. Eis o preço que
pagamos por agredir a natureza. As previsões são ainda mais terríveis.
Desastres como este serão cada vez mais frequentes. Temos de fazer uma completa
revisão dos nossos conceitos de urbanismo. Li um poema, muito significativo,
dando voz ao rio, que pede desculpas, pois não era a sua intenção destruir
nada. Ele só queria passar, mas obstruíram sua passagem e ocuparam seus vales
de expansão. De fato, estamos assistindo a natureza retomar os espaços que lhe
subtraíram. Vemos isto nos rios e no mar. Mais uma dificuldade para o governo
Lula, que tem procurado dar todo o atendimento às populações atingidas, o que
exige e exigirá grandes gastos para a reconstrução, sobrecarregando o
orçamento, já tão apertado. Enquanto todos se desdobram para ajudar os gaúchos,
a canalha bolsomínia se diverte em espalhar mais fakes e um grupo de
parlamentares continua sua peregrinação pelos EUA, tentando difamar o governo e
o país. Uma cena ridícula e cômica foi vista quando uma parlamentar americana
fez um discurso defendendo a democracia no Brasil e desdizendo as acusações que
os parlamentares brasileiros faziam.
Enquanto isso, no congresso, a gangue
comandada pela dupla Pacheco – Lira mantém a tensão, procurando derrubar vários
vetos de Lula a leis aprovadas, que aumentam irresponsavelmente as despesas, ou
reduzem as receitas. A paciência do ministro Hadad parece não ter limites.
Agora conseguiram negociar o veto à lei que prorrogava a desoneração da folha
de pagamentos, o que tinha levado o governo a judicializar o problema, e já
tinha conseguido uma primeira vitória, na liminar concedida no STF. Chegaram a
uma solução conciliatória.
Mas a fúria gastadora do congresso continua
com a aprovação das emendas parlamentares, que já atingem R$44,7 bilhões e que
comprometem 22% da verba destinada aos gastos discricionários. A aprovação da
“PEC do quinquênio” garante aumentos automáticos de salários para categorias do
poder judiciário, a cada 5 anos. A intenção do congresso parece ser estourar o
orçamento para impedir qualquer ação do governo, que possibilite a retomada da
economia. É a política do quanto pior melhor, que é ajudada pela ação do Banco
Central, dirigido pelo Roberto Campos Neto (com os dias contados para sair).
Dado significativo vem da reunião do Copom, de quarta-feira passada. Reduziram
a taxa Selic apenas em 0,25%, contrariando o que havia sido anunciado na ata da
reunião anterior. E mais ainda, não estabeleceram nenhuma indicação para a
próxima queda, deixando o ambiente favorável às especulações do “mercado”, o
que poderá prejudicar a trajetória de redução da Selic e criar ainda mais
problemas para os investimentos.
Enquanto o BC, com Campos Neto, cria
problemas internos, em aliança com a dupla Pacheco-Lira, no exterior, os
parlamentares bolsonaristas denigrem a imagem do país, associados a Elon Musk.
Internamente, eles não cessam sua campanha de disseminação de fakes,
prejudicando as ações de socorro às vítimas da tragédia no sul.
Para agravar a situação, o ambiente externo
continua desfavorável, com os sionistas do Estado de Israel mantendo suas ações
criminosas, em Gaza, apesar das ameaças de sanções dos EUA e das condenações
advindas dos vários organismos das Nações Unidas. Com isso, as ameaças de
perturbação no comércio mundial e no abastecimento das cadeias de produção
continuam, e as dificuldades de restabelecimento do processo de globalização
aumentam.
Por incrível que pareça, o governo ainda
está conseguindo manter o processo de crescimento da economia. Os capitalistas
internacionais continuam a confiar nas potencialidades da economia do país e os
investimentos produtivos aumentam, garantindo mais emprego e renda. As empresas
estatais voltam a investir e a Petrobrás pretende impulsionar a construção
naval, novamente, com suas encomendas. Até a agência avaliadora de riscos
Moodys mudou sua avaliação do Brasil para o campo positivo.
Apesar dos pesares, o país está indo para frente.
[i] Economista, Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do
Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira;
nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com).
Colaboraram os pesquisadores: Paola Arruda, Dulce Emile, Brenda Tiburtino,
Maria Vitória Freitas e Lara Souza.
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