Semana de 26 de maio a 01 de junho de 2025
Rosângela Palhano Ramalho[1]
Estimado leitor, diante dos últimos dados publicados sobre a conjuntura econômica, não temos outra escolha a não ser continuar denunciando a intensa sabotagem pela qual vem passando o governo brasileiro neste âmbito. Mesmo diante dos excelentes resultados econômicos, a imprensa brasileira, através de suas manchetes, crava o discurso de que o crescimento econômico é ruim para o país. É impressionante como o dogma econômico do combate ao mal inflacionário (a inflação está acima da meta, mas não há descontrole) foi assimilado ao ponto das opiniões teóricas divergentes e dos afetados pelas decisões de política econômica serem totalmente vetados pela imprensa. Quando os juros se alteram, não escutam os setores comercial e produtivo; quando o desemprego cai e/ou a renda aumenta, não escutam os trabalhadores ou os seus sindicatos; quando se introduz políticas sociais, não se ouve os beneficiados e as transformações que elas produzem em suas vidas. Todas essas vozes foram caladas. Ouve-se apenas um lamento: crescer gera inflação. E inflação deve ser combatida pelo asfixiamento da demanda. O jornalismo econômico virou o samba de uma nota só.
Assim como diz a canção de Tom Jobim, a imprensa não quis todas as notas e, para não correr o risco de ficar sem nenhuma, escolheu ficar numa nota só... Mas não estamos falando de amor, e sim da economia. E ela é complexa. Os recentes resultados econômicos foram bons e aqui os apresento. O IBC-Br, indicador do PIB calculado pelo Banco Central, avançou 1,3% no primeiro trimestre; a produção agroindustrial cresceu 3,6% em março pela terceira vez seguida e fechou o primeiro trimestre com aumento de 1,6%, segundo Índice de Produção Agroindustrial da FGV Agro; o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apurou abertura líquida de 257.528 vagas de trabalho com carteira assinada em abril, resultado bem acima das 170.513 vagas previstas pelo Valor Data; o Índice de Confiança do Comércio (Icom) da FGV está se recuperando e apresentou alta de 1,2 ponto em maio e chegou a 88,7 pontos (numa escala máxima de 200); o Índice de Confiança de Serviços (ICS) também da FGV, cresceu 1,5 ponto em maio, para 91,9 pontos; e, por fim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação, subiu 0,36% em maio ante 0,43% em abril, segundo o IBGE, e, de novo, o Valor Data errou, pois estimava crescimento de 0,44%.
Entretanto, todos estes resultados foram
tratados no jornalismo como grandes decepções e/ou surpresas (negativas, é
claro!). A realidade se comporta de forma diferente do que prevê o dogma
teórico e ao invés de a teoria ser questionada, procura-se um culpado por ela
não estar funcionando como deveria. O bode expiatório se reveza entre a
resiliência da atividade econômica e Lula. A resiliência pode ser quebrada a
qualquer momento pelos juros, então se pode conviver com ela, mas Lula precisa
ser parado! Chega de inconsequências! Reajuste salarial dos servidores
públicos? Política de valorização do salário-mínimo? Liberação do FGTS?
Benefícios sociais? Isenção do Imposto de renda para quem ganha menos? Nada
disso. Os teóricos dogmáticos e aqueles que são beneficiados por suas soluções
econômicas encontraram a desculpa perfeita: a culpa é de Lula, o esbanjador que
quer se reeleger.
Por isso, o jornalismo econômico e seus
respectivos editoriais vendem a ideia de que uma tragédia está em curso pois
“há a possibilidade de o PIB do Brasil crescer 3% em 2025” e, como “a economia
vai continuar super resiliente”, isto “vai pressionar” a inflação. Não, não há
pressão inflacionária. Isto é mentira. O PIB está crescendo e a inflação está
caindo. É isto que as estatísticas mostram. A choradeira é vergonhosa.
Contenham-se! Façam-se a seguinte pergunta: por que a economia cresce, apesar
dos juros altos e com inflação sob controle?
Não. O Brasil não está à beira do colapso.
Quem está colapsando são a teoria econômica e os rentistas que não suportam ver
a inclusão do povo no orçamento da União.
[1] Professora do Departamento de Economia da UFPB e
pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br,
rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram: Lara Souza, Paola Arruda, Victória
Rodrigues, Guilherme Gomes, Ícaro Moisés, Nelson Rosas, Brenda Tiburtino, Maria
Júlia Alencar e Miguel Oliveira.
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