Semana de 26 de setembro a 02 de outubro de 2022
Lucas Milanez de Lima
Almeida [i]
É
impossível, caro leitor, iniciar esta análise de conjuntura sem falar do
resultado do 1º turno das eleições de 2022. Não vou reproduzir aqui as falas já
feitas por diversos especialistas, mas cabe destacar algumas.
O
primeiro fato é o percentual de votos de Jair Bolsonaro, segundo lugar no
pleito. Ele recebeu 51.072.345, um percentual de 43,2%. Tanto os institutos de
pesquisa, quanto uma parte significativa dos palpiteiros progressistas foram
surpreendidos pela quantidade de bolsominions enrustidos (Ciro que o diga). De
fato, é de cortar o coração saber que tantas pessoas se preocupam mais com o
satanás nos outros do que com seus próprios demônios; se preocupam com as vidas
dentro do útero, mas não com as vidas que passam fome ou morreram sufocadas
fora dele; se preocupam em não sofrerem perseguição religiosa, enquanto
condenam os que consideram hereges; se preocupam com a corrupção, mas ignoram a
ascensão meteórica do patrimônio imobiliário dos Bolsonaros.
O
segundo destaque do 1º turno das eleições é que, nunca antes na história desse
país, um presidente recebeu tantos votos absolutos no primeiro turno:
57.259.504 para Lula. Considerando o percentual, com exceção das eleições de
FHC (ambas em 1º turno, em 1994 e 1998), este foi o segundo maior percentual de
votos que um candidato recebeu: 48,4%. O primeiro lugar é do próprio Lula, em
2006, com 48,6%. A diferença para Bolsonaro foi de exatos 6.187.159 de votos.
Caso não haja nenhum fator extraordinário na campanha do 2º turno (como a
criação de políticas eleitoreiras pelos poderes executivo ou legislativo), e
pelo perfil dos candidatos Simone Tebet e Ciro Gomes, há uma tendência à
manutenção deste resultado no dia 30 de outubro. O que não significa dizer que
Lula e o povo não devam fazer seu dever de casa.
Dito
isto, mas ainda no contexto das eleições, é importante trazer uma questão que
deverá ser enfrentada nos próximos meses: uma crise econômica global.
Quem
acompanha as nossas análises de longa data sabe que sempre anunciamos
antecipadamente as crises que ocorreram desde 2002 (ano em que o PROGEB foi
criado), incluindo a grande Crise do Subprime, de 2008/2009. Em outras
palavras, fomos capazes de identificar os elementos que se gestaram ao longo do
tempo e deram as condições para as crises se manifestarem. Não é bola de
cristal, apenas o uso de uma rigorosa teoria que norteia as análises: a teoria
marxiana dos ciclos econômicos. Por sua vez, uma coisa que percebemos nesse
período foi que, quando os grandes noticiários passam a falar em crise, é sinal
de que ela já chegou.
Pois
bem, já há algumas semanas que mencionamos a existência de análises
(principalmente internacionais) sobre uma grande crise que se avizinha.
Inicialmente, no contexto de reorganização da produção e da vida pós-pandemia,
previa-se um “pouso suave” da economia global. Porém, seja pela Guerra, pela
ainda desorganizada cadeia mundial ou mesmo por fatores climáticos, a escassez
e a especulação sobre determinadas commodities estão segurando os preços dos
insumos básicos em elevado patamar. Com isso, a inflação elevada é um aditivo à
crise atual, conjurando a temida estagflação (link).
Por
isso, na semana que antecedeu nosso pleito presidencial, os noticiários
internacionais que apontavam para uma recessão global não foram poucos. Segundo
projeções da OCDE para 2022, a economia mundial deve crescer metade do que
cresceu em 2021. Já para 2023, talvez a China cresça mais do que cresce hoje.
De resto, o esperado é uma nova tendência de resfriamento da economia nos
maiores países do mundo. A situação, porém, pode piorar. Como vem ganhando
destaque no referido noticiário, a elevação dos juros internacionais (como
medida de combate à inflação) contribuem para esfriar ainda mais a economia
mundial. Com isto, menos suave será o pouso.
Diante deste cenário de incerteza, olhando para a história recente do Brasil, cabe a pergunta: quem foi o presidente que melhor geriu o Brasil frente a cataclismos globais, Lula ou Bolsonaro?
[i] Professor
do DRI/UFPB e do PPGRI/UEPB; Coordenador do PROGEB. (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; lucasmilanez@hotmail.com).
Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Mariana Tavares e Nertan
Gonçalves.
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