quinta-feira, 27 de outubro de 2022

O povo armado jamais será escravizado

Semana de 17 a 23 de outubro de 2022

 

Nelson Rosas Ribeiro[i]

           

O dia D aproxima-se. Provavelmente quando esta Análise estiver ao alcance do leitor as eleições serão um fato consumado e já estaremos sofrendo as consequências dos resultados, que são temerosos, quaisquer que sejam. A insegurança é total.

Lula continua como favorito nas pesquisas, mas a diferença é pequena e o fanatismo está se exacerbando. Muito dinheiro está sendo derramado para compra de votos e a fúria fanática religiosa nas igrejas, principalmente pentecostais, eleva-se a um nível nunca visto. Os ambientes mais sagrados estão sendo profanados. Imaginem se os católicos começassem a entrar nos templos protestantes para ofender os pastores?

  Felizmente a provocação armada pelo Roberto Jefferson deu errado. O tiro saiu pela culatra (politicamente) embora, na realidade, tenha saído pela boca dos fuzis que ele ilegalmente (para vergonha das autoridades) possuía. Eis o resultado das novas normas editadas pelo governo: um prisioneiro utilizando armas privativas das forças armadas, sem qualquer controle, disparando contra a própria Polícia Federal.

O apoio do Governo ao ataque teve de ser retirado às pressas e transformado em uma leve condenação à loucura ou insensatez do amigo e aliado que, há muito, vinha ensinando, impunemente, como resistir à polícia. Afinal, “um povo armado jamais será escravizado”, como manda o “Führer”. O apoio do Bolsonaro ao ataque foi retirado e transformado em leve condenação à insensatez do amigo e aliado. E se a moda pegar?

A Polícia Federal saiu desmoralizada da ação. Dois gentes feridos, viaturas picotadas a bala de fuzil, 3 granadas nas fuças e uma amigável conversa com um delicado negociador especialmente enviado. Que vergonha!!! Para não falar do ministro da Justiça enviado especialmente para o local e retido em uma cidade próxima diante do escândalo que estourou. Imaginem se o atirador fosse um petista qualquer? Que vergonha! Para agravar o absurdo até um falso padre foi mobilizado para acalmar o irado bolsominion.

O governo foi obrigado a tirar o time de campo diante da revolta dos policiais e da sociedade. Até seus cupinchas mais fiéis, como os residente da Câmara e do Senado, condenaram o ato.

Isto foi um aviso para o que se está preparando. E se o “povo armado”, para “não ser escravizado”, obedecendo ao comando do “Führer”, ganhando ou perdendo as eleições, resolver agir da mesma forma? O que farão os policiais federais, as outras polícias, o exército (conivente com este quadro) e as demais forças armadas?

Eis o ambiente em que ocorrerão as eleições. O país ficará em grande tensão até o final do domingo ou segunda feira. Isto se a apuração terminar. O Alexandre que se cuide e mobilize forças militares suficientes e fiéis capazes de conter a matilha de cães raivosos. Está aí o exemplo dos EUA com a invasão do Capitólio.

Como o leitor deve estar percebendo, as decisões eleitorais estão tomadas nesta altura dos acontecimentos e não adianta nenhuma linguagem coloquial para convencer qualquer pessoa. Sem nenhuma paciência para dialogar com fanáticos irracionais passo a informar os leitores algumas tendências preocupantes de evolução da economia.

Temos alertado para a aproximação de uma grande crise que certamente nos envolverá. Novas afirmações de organizações internacionais surgiram. Em uma reunião do G24, grupo dos 24 países em desenvolvimento mais importantes, o vice-presidente do Banco Mundial afirmou que a desaceleração hoje é mais forte do que em recessões anteriores. Os ministros de Finanças do G24 divulgaram um comunicado dizendo que “os riscos negativos para as perspectivas econômicas levam a temores de uma recessão global” e “as condições financeiras estão piorando”. O Secretário Geral da ONU, Antônio Guterres, afirmou que os países em desenvolvimento já perderam US$390 bilhões de reservas internacionais neste ano pela fuga de capitais e desvalorização de suas moedas. O FMI declarou que podemos estar diante de uma policrise em escala mundial. Com tantos motores parado ao mesmo tempo (EUA, UE, China) as perspectivas são sombrias.

 Além dos problemas locais, eis o que nos espera após as eleições.


[i] Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os pesquisadores: Guilherme de Paula, Mariana Tavares e Nertan Alves.

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