Semana de 17 a 23 de outubro de 2022
Nelson Rosas Ribeiro[i]
O dia D aproxima-se. Provavelmente quando
esta Análise estiver ao alcance do leitor as eleições serão um fato consumado e
já estaremos sofrendo as consequências dos resultados, que são temerosos,
quaisquer que sejam. A insegurança é total.
Lula continua como favorito nas pesquisas,
mas a diferença é pequena e o fanatismo está se exacerbando. Muito dinheiro
está sendo derramado para compra de votos e a fúria fanática religiosa nas
igrejas, principalmente pentecostais, eleva-se a um nível nunca visto. Os
ambientes mais sagrados estão sendo profanados. Imaginem se os católicos
começassem a entrar nos templos protestantes para ofender os pastores?
Felizmente a provocação armada pelo Roberto Jefferson deu errado. O tiro
saiu pela culatra (politicamente) embora, na realidade, tenha saído pela boca
dos fuzis que ele ilegalmente (para vergonha das autoridades) possuía. Eis o
resultado das novas normas editadas pelo governo: um prisioneiro utilizando
armas privativas das forças armadas, sem qualquer controle, disparando contra a
própria Polícia Federal.
O apoio do Governo ao ataque teve de ser
retirado às pressas e transformado em uma leve condenação à loucura ou
insensatez do amigo e aliado que, há muito, vinha ensinando, impunemente, como
resistir à polícia. Afinal, “um povo armado jamais será escravizado”, como
manda o “Führer”. O apoio do Bolsonaro ao ataque foi retirado e transformado em
leve condenação à insensatez do amigo e aliado. E se a moda pegar?
A Polícia Federal saiu desmoralizada da ação.
Dois gentes feridos, viaturas picotadas a bala de fuzil, 3 granadas nas fuças e
uma amigável conversa com um delicado negociador especialmente enviado. Que
vergonha!!! Para não falar do ministro da Justiça enviado especialmente para o
local e retido em uma cidade próxima diante do escândalo que estourou. Imaginem
se o atirador fosse um petista qualquer? Que vergonha! Para agravar o absurdo
até um falso padre foi mobilizado para acalmar o irado bolsominion.
O governo foi obrigado a tirar o time de
campo diante da revolta dos policiais e da sociedade. Até seus cupinchas mais
fiéis, como os residente da Câmara e do Senado, condenaram o ato.
Isto foi um aviso para o que se está
preparando. E se o “povo armado”, para “não ser escravizado”, obedecendo ao
comando do “Führer”, ganhando ou perdendo as eleições, resolver agir da mesma
forma? O que farão os policiais federais, as outras polícias, o exército
(conivente com este quadro) e as demais forças armadas?
Eis o ambiente em que ocorrerão as
eleições. O país ficará em grande tensão até o final do domingo ou segunda
feira. Isto se a apuração terminar. O Alexandre que se cuide e mobilize forças
militares suficientes e fiéis capazes de conter a matilha de cães raivosos.
Está aí o exemplo dos EUA com a invasão do Capitólio.
Como o leitor deve estar percebendo, as
decisões eleitorais estão tomadas nesta altura dos acontecimentos e não adianta
nenhuma linguagem coloquial para convencer qualquer pessoa. Sem nenhuma
paciência para dialogar com fanáticos irracionais passo a informar os leitores
algumas tendências preocupantes de evolução da economia.
Temos alertado para a aproximação de uma
grande crise que certamente nos envolverá. Novas afirmações de organizações
internacionais surgiram. Em uma reunião do G24, grupo dos 24 países em
desenvolvimento mais importantes, o vice-presidente do Banco Mundial afirmou
que a desaceleração hoje é mais forte do que em recessões anteriores. Os
ministros de Finanças do G24 divulgaram um comunicado dizendo que “os riscos
negativos para as perspectivas econômicas levam a temores de uma recessão
global” e “as condições financeiras estão piorando”. O Secretário Geral da ONU,
Antônio Guterres, afirmou que os países em desenvolvimento já perderam US$390
bilhões de reservas internacionais neste ano pela fuga de capitais e
desvalorização de suas moedas. O FMI declarou que podemos estar diante de uma
policrise em escala mundial. Com tantos motores parado ao mesmo tempo (EUA, UE,
China) as perspectivas são sombrias.
Além dos problemas locais, eis o que nos espera após as eleições.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na
Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram
os pesquisadores: Guilherme de Paula, Mariana Tavares e Nertan Alves.
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