Semana 26 de dezembro de 2022 a 01 de
janeiro de 2023
Nelson Rosas Ribeiro[i]
Terrível foi este ano de 2022 que se foi,
não somente para o Brasil e o mundo, mas particularmente para os que tem por
ofício fazer Análise de Conjuntura. Quando falamos em conjuntura falamos das
evoluções da economia no curto prazo, ao longo das semanas e meses, e mesmo
anos. No nosso caso, atrevemo-nos a fazer análise no curtíssimo prazo de uma
semana. Claro que para não cair na dita “economia do sobe e desce” precisamos
ter como suporte uma teoria econômica e, como já referimos, usamos a teoria
marxiana das crises cíclicas de superprodução na versão por mim desenvolvida
(Ver “A crise econômica – Uma visão marxista”, J.P., UFPB, Ed. Universitária,
2008). Certamente, sendo uma teoria econômica, dentro dela não cabe a análise
de fenômenos que se processam em outras esferas. Assim, as nossas dificuldades
neste ano de 2022 foram muito amplificadas, pois o ano sofreu a ação de outros
fenômenos que não cabem na análise econômica nos obrigando a grandes desvios
para os campos da política, da história, da sociologia e até mesmo da biologia.
Com efeito, durante o ano ocorreram três
fenômenos que, diretamente, nada tiveram a ver com a economia: a pandemia do
Covid-19, a guerra na Europa Oriental e as eleições. Os dois primeiros tiveram
como consequências o acirramento da inflação, a desorganização dos mercados,
dos transportes, do comércio, a crise de abastecimento e da energia, o
fechamento de fábricas, a falta de mão de obra, o desemprego etc. Fatores não
econômicos provocaram o caos na economia a nível local e mundial. O terceiro
fator teve consequências internas. O desgoverno local, que já havia maltratado
terrivelmente a economia com suas medidas de política econômica insensatas,
saídas da cabeça doente do sinistro da economia Paulo Guedes, no desespero de
ganhar as eleições para manter-se no poder usou todo o aparelho de Estado com
este objetivo. Deixou de governar para comprar votos a qualquer custo mesmo
comprometendo o orçamento e o futuro do país. Se já vinha destruindo tudo o que
podia com sua fanática estupidez ideológica, a situação foi ainda agravada e o
Estado quase foi a falência. O novo governo vai pagar muito caro para reparar
os males que foram produzidos e que continuarão a repercutir nos próximos anos.
Este ano de 2023 será mesmo um ano de sacrifício.
Em Análises anteriores já vínhamos
demonstrando que a economia do país estava entrando em um ciclo de crise, mesmo
antes dos primeiros casos de covid-19. Era a entrada do país na fase de crise
do ciclo econômico. A deflagração da pandemia e depois o início da guerra da
Ucrânia aceleraram o processo e entramos com força na crise. Contra a vontade
do governo as vacinas foram compradas e iniciou-se o ataque ao vírus. Também
contra a vontade do governo foi aprovado o auxílio emergencial. Para comprar
votos o governo abriu o cofre e foram aprovados vários subsídios que
contribuíram para a aliviar a situação dos mais pobres. A campanha de vacinação
foi vitoriosa apesar das sabotagens e conseguiu-se controlar a pandemia. A
injeção de recursos estimulou a demanda e a economia iniciou uma tênue
recuperação a partir do setor de serviços e com o trabalho informal. A longa
paralização criou um vácuo que começou a ser ocupado pela retomada da produção
o que resultou em indicadores econômicos mais positivos embora os números da
inflação continuem a mostrar aceleração. Para este mal, o BC já aponta
teimosamente com a possibilidade de novo aumento da Selic, o que prejudicará a
economia.
Esta é a situação que o novo governo terá
de enfrentar. O presidente Lula já empossou quase todo o seu ministério com uma
notável habilidade que só ele é capaz. Na verdade, a frente formada é por
demais ampla e muitas serão as dificuldades de manter a articulação de tantas
tendências. Será um grande desafio que, esperamos, tenha sucesso, para o bem da
democracia e a sobrevivência do país.
Para finalizar, temos que aplaudir os discursos do presidente, discursos de um grande estadista, e a seriedade do ministério por ele constituído. E com esperanças enfrentemos o ano de 2023. Afinal podemos dizer: Feliz Ano Novo para todos nós.
[i] Professor
Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e Crise na Economia
Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram os
pesquisadores: Guilherme de Paula, Mariana Tavares, Nertan Alves e Maria
Cecília Fernandes.
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