Semana 01 a 07 de maio de 2023
Nelson Rosas Ribeiro[i]
A equipe econômica do governo continua sua
pregação otimista sobre crescimento. Desta vez foi o ministro Hadad que deitou
discurso anunciando que “Estamos no caminho de deixar o Brasil pronto para
decolar”. Continua confiando na aprovação do arcabouço fiscal e que o Congresso
aprovará outras medidas propostas pelo governo. Apesar das duas derrotas
impostas pelo parlamento, a equipe do governo segue em frente. Parece que uma
das características dos ministros de Economia de todos os governos é a mentira.
Todos acreditam na furada afirmação Keynesiana de que o crescimento é resultado
dos investimentos dos empresários, que dependem das expectativas que eles têm.
Os ministros pensam que, com as mentiras, conseguem convencer os empresários
que tudo vai bem. Assim eles formam “expectativas positivas” e começam a
investir e daí vem o crescimento. Pensam que os movimentos da economia são
comandados pela vontade dos homens, empresários individuais ou no comando do
Estado.
No momento acreditam que com o aumento do
salário-mínimo serão injetados na economia R$9,5 bilhões e com a mudança da
faixa do imposto de renda outros R$3,4 bilhões animarão o consumo. Com efeito
esta injeção de recursos será um estímulo ao consumo, mas temos na contramão os
desestímulos causados pelas altas taxas de juros lideradas pela Selic de
13,75%, que o BC teimosamente manteve em sua última reunião, apesar de todas as
pressões e manifestações dentro e fora do governo.
Para acalmar o agronegócio criou-se um novo
crédito para financiamento de máquinas agrícolas e das exportações, depois da
desfeita na Agrishow de Ribeirão Preto, quando os promotores convidaram
Bolsonaro para a abertura e desconvidaram o ministro da Agricultura, o que fez
com que o governo não se fizesse representar na feira.
No panorama político as coisas também não
estão fáceis. Lula terá de ter muita habilidade para negociar com o Congresso
reacionário, com um centrão corrupto e enfrentar uma bancada bolsomínia
numerosa que envidará todos os esforços para criar todo tipo de dificuldades e
de quem se pode esperar todo tipo de canalhice, como como as que já estão sendo
feitas. Neste terreno temos a destacar a brilhante atuação do Ministro Dino que
tem sido a grande estrela, desmoralizando os que se atrevem a provocá-lo.
Em
relação aos dados econômicos a situação é muito confusa e contraditória. O
Banco Central (BC) divulgou o seu índice IBC-Br para fevereiro que é um
indicador antecedente para o PIB. Para surpresa geral este índice mostrou um
crescimento de 3,32%, para fevereiro, em relação a janeiro. Os serviços
cresceram 1,1% e o varejo caiu 0,1%. A produção industrial também caiu 0,2%.
Para o desemprego a taxa manteve-se em 8,8% e a renda média do trabalho
cresceu. Diante do agravamento da situação internacional os analistas acreditam
que esta situação tende a se agravar. Com efeito a guerra na Ucrânia mantém-se
e amplia-se, com os países da OTAN cada vez mais histéricos e pressionando
todos os países do mundo para os apoiarem. O Brasil continua sofrendo todo tipo
de pressão para alterar sua posição de neutralidade.
Com o avanço das investigações sobre os atos de terrorismo praticados em Brasília e a apuração das responsabilidades, que envolvem militares de alta patente, a milicada comprometida arrepiou o pelo e as hienas começaram a mostrar os dentes. Torna-se cada vez mais claro que se estava tramando um golpe e que foi abortado pelo recuo do alto comando das Forças Armadas. Com as descobertas dos escândalos que envolvem contrabando de joias, apropriação do patrimônio público, falsificação de documentos, utilização de bens e imóveis do Estado em benefício próprio etc., a situação dos militares vai se tornando cada dia mais desmoralizante. É difícil pensar em um crime que a canalha no governo não tenha cometido. E o tsunami de lama atinge as forças armadas e os oficiais de alta patente. Até onde eles comprometerão sua dignidade em defesa de um reles “capitão” expurgado de suas próprias fileiras por incompetência?
[i] Economista,
Professor Emérito da UFPB e Vice Coordenador do Progeb – Projeto Globalização e
Crise na Economia Brasileira; nelsonrr39@hotmail.com; (www.progeb.blogspot.com). Colaboraram
os pesquisadores: Guilherme de Paula, Valentine de Moura, Lucas Tiago de Santos
e Miró Tosaka,
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