Semana de 17 a 23 de fevereiro de 2025
Rosângela Palhano Ramalho[1]
Prezado leitor, como já frisado nesta
coluna, os resultados econômicos de 2024, que ainda estão sendo apurados, foram
satisfatórios. O PIB, segundo levantamento do Monitor da FGV, vai crescer 3,5%,
impulsionado principalmente pelos investimentos. Já o IBC-Br (Índice de
Atividade Econômica do Banco Central), estima a alta anual em 3,8%. O
aquecimento econômico se difundiu entre os indicadores de consumo e de
produção, apesar da política monetária restritiva. Segundo o IEDI (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o maior alcance do Programa Bolsa
Família favoreceu o consumo das classes de renda mais baixas, o que contribuiu
para a expansão industrial do ano passado. Enquanto isso, a inflação, tida como
a grande vilã de 2024, cresceu 4,83%. Segundo Haddad, ministro da Fazenda, como
o índice vem crescendo em média entre 4% e 5% ao ano
Apesar deste cenário, há um descolamento
entre as pesquisas de opinião e a realidade econômica e social do país. A
última pesquisa Datafolha divulgada no fim da semana passada alimentou os
abutres que passaram a diagnosticar (de novo!) a morte do governo antes mesmo
do fim do mandato que só ocorrerá em 2026. A consulta
Antes de fugir para os Estados Unidos,
Bolsonaro abandonou o governo assim que perdeu as eleições e Lula então teve
que negociar a PEC da Transição para executar o orçamento sem que se
ultrapassasse o limite do teto de gastos. Superada com habilidade a tentativa
de golpe em 08 de janeiro de 2023, o presidente passou a gerir as mais variadas
demandas da população e de aliados, bem como os ataques à sua pessoa e à sua
gestão. O governo ainda lida com a aberração legislativa chamada de orçamento
secreto... E
A situação atual é complexa. De um lado, há
uma frustação, desde 2022, por parte da direita e do centro político em não ter
emplacado um candidato competitivo às eleições presidenciais. Aí podemos listar
Ciro Gomes, Sérgio Moro e seus órfãos, que pretendiam ser a alternativa à
Lula/Bolsonaro, mas que patinaram em suas próprias soberbas. Ainda disputam a
vaga vários “possíveis candidatos”. Estão nesta lista: Ronaldo Caiado, Romeu
Zema, Eduardo Leite, Ratinho Jr., Pablo Marçal, Tarcísio de Freitas, os filhos,
a mulher de Bolsonaro e (pasme!) Gusttavo Lima. Todos eles comem as migalhas
que Bolsonaro deixa cair de vez em quando. O ex-presidente está inelegível e
assim permanecerá até a sua prisão, mas continua a alimentar a “possibilidade”
de sair candidato. Do outro lado do campo de disputa, há os interesses
particulares do setor econômico, em especial, o financeiro. Amparado por uma
teoria econômica que sufoca a atividade sob o pretexto de combater a inflação a
partir da disciplina fiscal, o grupo, que se vê órfão de um candidato, tolera e
se lambuza nas teses da extrema direita. Afinal, eles querem o pobre fora do
orçamento. De uma só vez, protegeriam seus interesses e livrariam o país de um
populista gastador, responsável pelo aumento da taxa de câmbio e do preço dos
alimentos! Não por acaso, o “mercado”, segundo pesquisa realizada pelo
Instituto Quaest no final do ano passado, escolhe qualquer candidato, de
preferência Tarcísio de Freitas (com 78% das intenções), em detrimento de Lula
ou qualquer outro de centro ou da esquerda.
O governo ainda estuda como reagir às armadilhas que lhe são impostas. Usar da mesma munição, está fora de cogitação. Resta salientar que as pesquisas (confiáveis) mostram que o presidente Lula venceria as eleições de 2026. No início de fevereiro, levantamento da Genial/Quaest mostrou que o presidente se reelegeria em todos os 6 cenários de 2º turno que foram testados. Para desespero de muitos...
[1] Professora do Departamento de Economia da UFPB e pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br, rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram: Victória Rodrigues, Caio Amaral, Bruno Lins, Ícaro Formiga e Mateus Eufrásio.
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