Semana de 20 de a 26 de outubro de 2025
Rosângela Palhano Ramalho[1]
Estimado leitor, em colunas anteriores já
nos referimos ao uso do termo resiliência, utilizado frequentemente para
evidenciar o crescimento do PIB brasileiro, apesar de todos os boicotes no
âmbito da política partidária e da política econômica. A economia segue
resiliente. Veja-se o exemplo do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco
Central) que é uma prévia do PIB: o indicador registrou
Ao invés de assumir a limitação do sistema
de metas de inflação e promover sua revisão, já que é possível a coexistência
de crescimento mais elevado com um pouco mais de inflação, o Banco Central se
esforça em justificar o porquê
E
Chegamos ao ponto, querido leitor! Não se
trata de uma insatisfação com a situação fiscal. É apenas sobre rancor. A
questão é essa: temos um presidente eleito e conhecido, que promove uma agenda
econômica e social progressista. Por que deveríamos esperar outro plano de
governo deste governo? Lula concorreu e foi eleito democraticamente pela
maioria da população brasileira e tem o aval para implementar suas propostas,
dentro das regras do jogo democrático. O fato é que, parte da elite brasileira
não consegue domar o ranço e o ódio que alimentam suas entranhas raivosas. Esta
parcela da sociedade com imenso poder político, não é capaz de suportar que o
pobre seja contemplado no orçamento público. Além disso, ela é incapaz de
eleger um candidato que a represente. Veja-se o caso de Henrique Meirelles em
2018. Concorreu à Presidência da República do Brasil pelo Movimento Democrático
Brasileiro (MDB) e recebeu apenas 1,2% dos votos válidos. Diante do fracasso
eleitoral retumbante, esta fração social apoiou o governo Bolsonaro, certa de
que tinha debelado Lula e o Partido dos Trabalhadores da seara política
brasileira.
Ledo engano.
Lula retornou e a nobreza econômica e
financeira se viu novamente encurralada. Como o presidente dá pouco espaço para
o desmantelamento estatal que ela tanto quer e chama pomposamente de reformas,
o boicote à economia e a perseguição em âmbito social e político tornaram-se
regra. Naquela reunião conjunta do FMI e Banco Mundial, o rancor dos
representantes brasileiros foi exposto sem pudor. Querem um candidato de
oposição que reduzam o déficit fiscal e adotem reformas liberais. A
produtividade precisa aumentar para a economia crescer, disseram. Mas a
economia está crescendo até mais do que o mundo desenvolvido! Isso não basta,
pois, a agenda que defendem só tem coerência a partir da punição dos
trabalhadores brasileiros considerados improdutivos, preguiçosos, dependentes e
viciados em auxílios governamentais.
E voltando à resiliência, proponho que
usemos o termo também para referir à resistência do presidente Lula. Nada o
detém. Prestes a completar 80 anos de vida, o homem não se curvou às pressões
de Trump, à oposição reacionária, nem aos grupos econômicos e financeiros que a
todo custo tentam governar o país. Felizmente o Brasil tem um governante (e não
um bufão). Os programas sociais foram restabelecidos. O câmbio está sob
controle. A inflação está sob controle (embora digam que não). As contas
públicas estão sob controle (embora afirmem que não). A economia cresce apesar
do Banco Central. A renda aumentou. O consumo se elevou. O desemprego atingiu o
menor nível já registrado. Pelo visto, nada disso importa. Não há feito
econômico que remova o rancor social enraizado.
[1] Professora do Departamento de Economia da UFPB e
pesquisadora do PROGEB (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; rospalhano@yahoo.com.br,
rosangelapalhano31@gmail.com). Colaboraram: Antônio Queiroz, Jéssica Brito,
Julia Bomfim, Nelson Rosas, Lara Souza e Camylla Martins.


